De pernas pro ar. A escola do mundo ao avesso. De Eduardo Galeano. Coleção L&PM Pocket, 2009. Pág. 185:
Em fins de 1997, Leonardo Moledo publicou um artigo em defesa dos baixos salários no ensino argentino. Esse professor universitário revelou que as magras compensações aumentam a cultura geral, favorecem a diversidade e a circulação de conhecimentos e evitam as deformações da fria especialização. Graças ao seu salário de fome, um catedrático que, pela manhã, ensina cirurgia no cérebro, pode enriquecer sua cultura e a cultura alheia fazendo fotocópias à tarde e, à noite, exibindo suas habilidades como trapezista de circo. Um especialista em literatura germânica tem a estupenda oportunidade de atender também um forno de pizza e à noite pode desempenhar a função de lanterninha do Teatro Colón. O titular de Direito Penal pode dar-se o luxo de manejar um caminhão de entregas de segunda a sexta e, nos fins de semana, dedicar-se aos cuidados de uma praça, e o adjunto de biologia molecular está em ótimas condições para aproveitar sua formação fazendo bicos em chapeação e pintura de automóveis.
É deplorável a situação de um segmento tão importante, mas que é aviltado deliberadamente por quem deveria valorizá-lo. A meu ver é um gol contra para o país que age dessa forma. Forte abraço a todos.
Obrigado pela visita e pelo comentário, Antonio. Eduardo Galeano é sempre uma ótima leitura e seus comentários mordazes iluminam o debate público. Volte sempre por aqui!
Parece instigante!
Eduardo Galeano é sempre uma referência e a temática sobre educação é sempre pertinente, melhor, é decisiva para tudo o que vivemos hoje…
Por vários motivos, interesso-me sobre discussões dessa natureza, bastidores do processo educacional (institucionalmente…), as distorções, as contradições político-jurídicas, o professor nesse contexto etc.
Obrigado pela visita, Gustavo. E o pior é que artigos do mesmo teor tem sido publicados em jornais brasileiros… como se o professor já tivesse salários soberbos….